Rainha de Bateria e mulher do Patrono da Escola da Vila Vintém, ela afirma que já estavam ‘sendo discutidas internamente’ questões como essa e o pedido de novas contratações para a Escola
Penúltima colocada neste Carnaval, a Mocidade Independente de Padre Miguel se vê diante de um movimento de torcidas organizadas da Escola que, em carta conjunta divulgada nesta semana, se dizem preocupadas com os rumos da Agremiação. Direcionado à Diretoria; à Advogada da Escola, Valéria Stelet; assim como à Rainha de Bateria Fabíola Andrade e o seu marido, Rogério Andrade, Patrono da Escola, que está preso, o documento menciona o “vácuo de poder” atual, assim como pede a contratação de Profissionais para pensar no Desfile de 2026. Em resposta, Fabíola se posicionou, prometendo que “todas as observações feitas serão analisadas”.
Em texto compartilhado nos Stories de seu Instagram, a Rainha de Bateria afirmou ter lido “atentamente” à carta. “Compreendo a importância dos pontos levantados. Compartilho do mesmo desejo de ver a Mocidade forte, respeitada e ocupando o lugar que lhe pertence no Carnaval”, escreveu.
Fabíola também afirmou que as questões “da liderança, da organização estrutural e das contratações necessárias” já estavam “sendo discutidas internamente”. Essa é uma resposta direta a um dos pedidos da carta conjunta, que cobrava a contratação de “um Diretor de Carnaval qualificado”. Mauro Amorim, que ocupava o cargo, foi demitido neste ano. Os sucessores foram anunciados no mesmo dia da resposta de Fabíola, esta quinta-feira: serão Marcelo Plácido e Wallace Capoeira, conforme divulgado pela Escola.

Resposta de Fabíola Andrade à torcida da Mocidade — Foto: Reprodução / Instagram
A torcida também pediu a contratação de um Enredista, já que a Carnavalesca Márcia Lage, responsável pelas pesquisas para o último Enredo, morreu às vésperas do Carnaval, vítima de leucemia. “Infelizmente, nossa querida Márcia se foi, ela própria encontrava dificuldades notórias de fazer claro o enredo que foi defendido pela escola em 2025”, diz trecho da nota conjunta direcionada a Fabíola, Rogério e à Diretoria. “Não podemos correr o risco de iniciar a apuração seguinte, cientes de que seremos despontuados por Enredos que se explicam com grande dificuldade no texto e na Avenida.”
Falta de liderança, segundo torcida
Entre os pontos enumerados na carta aberta aos Líderes da Mocidade, é mencionado que a Escola não tem “liderança em evidência”. Valéria Stelet, advogada da Agremiação, é apontada pela carta como “a pessoa que, na prática, está à frente da gestão”. Além de Rogério Andrade, o Presidente da Agremiação, Flávio Santos, também foi preso no ano passado, em outubro, por porte ilegal de arma quando foi alvo de mandados de busca e apreensão, numa investigação sobre um assassinato ligado à contravenção. Mesmo com Flávio em liberdade, neste ano, a agremiação alegou “problemas de saúde” para justificar sua ausência na apuração e no Desfile Oficial. Sem Flávio e Rogério, quem fez os discursos antes do Desfile e do Ensaio técnico foi o então Diretor Mauro Amorim, atualmente desligado da Escola.
“Sabemos que as escolhas que se levantam para ocupar a Presidência da Escola são de responsabilidade do Patrono, de forma que pedimos de maneira educada que se institua alguém de sua vontade para oficialmente gerir, diminuindo a sensação de abandono institucional e de vacância do cargo”, pontua trecho da carta aberta dos torcedores, mencionando que a Escola está se “enfraquecendo” nesse contexto, mencionando julgamentos “tendenciosos” na apuração deste ano, além de “declarações tortas” por parte de representantes da LIESA, segundo o texto.
Neste ano, assim como em 2023, a Mocidade foi a penúltima colocada no Carnaval. A 11ª colocação é a primeira posição acima do rebaixamento. Esse contexto também foi pontuado pela torcida, que definiu este ano como mais um precisando se afastar do “fantasma e um rebaixamento que insiste” em perseguir a Escola.
Preso desde outubro do ano passado — apontado, em novas investigações, como mandante do assassinato do também Contraventor Fernando Iggnácio, em 2020 —, Rogério foi transferido para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em novembro. Com a ausência do Patrono na Sapucaí, Fabíola Desfilou com um pingente com uma letra “R” no pescoço. Em entrevista antes do Desfile, ela assegurou que, ao sair da Apoteose, seu destino seria o aeroporto, para visitar o Companheiro, a quem informa, segundo ela, “coisas boas”.
Por João Vitor Costa — Rio de Janeiro/Extra – 100 ANOS DE GLOBO