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Rafael Esteves

Rafael Esteves – Advogado, Músico, Compositor e Escritor

Ahhhh…. A Marquês de Sapucaí…

São 700 metros de sonhos, samba, suor e lágrimas.

A mágica começa bem antes, com a montagem da estrutura, som, bares, frisas e mais, empregando milhares de pessoas, alimentando diversas famílias de baixa renda para que aqueles que se submetem a pagar ingressos caros possam desfrutar do bel prazer dos desfiles das escolas.

O maior espetáculo da terra é de uma antinomia sem igual, onde podemos encontrar filas de turistas do exterior aglutinados no sedento desejo de ingressar no palco do maior espetáculo da terra, lado a lado com um morador de rua catando latinhas que os mesmos jogam ao chão na entrada.

Semblantes antagônicos entre a fome e a sede, peles brancas em roupas caras contrastando com a melanina negra suja esgueirando meios-fios e lixo, mas que fazem questão de sorrir ao ver um gringo falando outra língua.

Já na parte interna, os desejos são desajustados, enquanto o povão mendiga aos cambistas, amigos que trabalham na avenida ou diretores de escola por ingressos para os desfiles, os gringos e bacanas pagam caro em camarotes apertados e superlotados para as fotos instagramaveis.

Talvez hoje essa seja a maior dicotomia marquesal: Do lado de dentro da pista foliões que entretêm os camarotes multilinguísticos e do outro o poderio financeiro que quando olham pra pista, divertem-se com a ralé pulando ao som de samba descartável enlatado.

Vez ou outra, um famoso em epopéia, abraçado aos do povo, surge em posição privilegiada com roupas que custam uma moradia popular, dando um ar de humildade ao intocável do ano inteiro.

Músicos consagrados passam para ser aplaudidos pelo povão pois agora invadiram o espaço do velho malandro compositor, que só tinha como justiça de vida, seu samba ecoar na avenida, mas vão perdendo espaço aos escritórios poderosos… os Rambositores da São Clemente…

Some-se a tudo isso os novos sambeiros de Facebook, que instigam a rivalidade entre as escolas como os times de futebol fazendo com que eles se digladiem nos posts gerando likes valiosos àqueles.

Essa antinomia vai paulatinamente sugando a essência do carnaval.

Poucos sentem o frio na espinha quando a sirene toca e o esquenta começa….

A….. tenção Sapucaí…..

Não deixem o samba morrer….

Que a antinomia dê lugar a sinergia….

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