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Unidos de Vila Isabel propõe assombro de alegria ao levar seres do imaginário popular à Sapucaí

A Unidos de Vila Isabel prepara um desfile de “apavorar” o público da Sapucaí. Com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, a escola vai apresentar o mundo fantástico das criaturas que permeiam o imaginário popular. A agremiação promete uma passagem de arrepiar, mas que também vai levar muita diversão. A Azul e Branca será a última a cruzar a passarela do samba na segunda noite do Grupo Especial, em 3 de março.

O desfile da Vila começará com o público “embarcando” em um verdadeiro trem fantasma, representado no Carro Abre-Alas, que o guiará por uma viagem pelos seres mais assustadores das matas, das águas e das lendas urbanas. Segundo o Carnavalesco Paulo Barros, a intenção é tornar a experiência de quem está no sambódromo em um parque de diversões, passando pelos sustos, adrenalina e, especialmente, alegria.

“É uma diversão, você entra nele (trem fantasma) para ter sustos, pavor, medo, mas, ao mesmo tempo, ter uma adrenalina e causar alegria. Quem acha que esse enredo sobre assombrações é para ser assombroso, não é. É um trajeto desse trem onde a gente vai ter essas sensações misturadas e no final causará alegria, porque quando você sai do brinquedo, o que você faz? Você ri”, apontou.

Do medo à festa

O Artista deixou espaço para todas as criaturas assombrosas brilharem na Avenida. Enquanto o primeiro setor vai trazer os seres das matas e florestas, como o Saci, Curupira e Boitatá, o segundo chega com os mistérios dos mares e rios, como a Iara. Haverá ainda uma representação daquelas lendas e mistérios que correm pelos vilarejos, cidadezinhas, castelos e até igrejas.

“É um enredo bem rico de imagens e quase todo baseado na cultura brasileira. Apesar de muito dessas lendas e mitos terem origem europeia, foram adaptadas e transformadas ao longo das décadas, como fazendo parte da cultura brasileira, como o lobisomem (…) Tem personagens que são muito conhecidos, mas outros nem eu conhecia, na pesquisa passei a conhecer e a gente montou esses setores”.

Além dos seres míticos, o Enredo também vai apresentar os medos da infância, muita vezes incutidos na cabeça das crianças pelos próprios pais. “Hoje isso vira uma grande piada. Eu quando era criança tinha medo do bicho-papão, do homem do saco, e hoje é divertido relembrar tudo isso”, brincou Barros.

Ao final do Desfile, Paulo promete transformar a Sapucaí no que chamou de “Carnaween”, ao incluir figuras de terror muito usadas nas Fantasias de Halloween. A proposta, de acordo com ele, é dar o tom de festa que as duas celebrações têm e contagiar o público de alegria. “São figuras que na literatura, no cinema, são horrendas, mas que no Halloween são engraçadas. O Enredo da Vila, no final, forma essa grande festa de alegria. O próprio samba diz: “A Vila vai te pegar” e ela vai te pegar de alegria”, explicou.

Barros disse ainda que o Enredo deste ano é um de seus favoritos, justamente por proporcionar vários sentimentos. “É um enredo que eu estou amando fazer por conta dessas características (alegria, principalmente). É para a pessoa sair de lá assim: ‘que bom que eu paguei um ingresso que valeu à pena’, esse é intuito”.

Carnaval à la Paulo Barros

Conhecido pela inovação e ousadia, que lhe renderam três Títulos com a Unidos da Tijuca (2010, 2012, 2014) e um com a Portela (2017), o Carnavalesco garante que o Desfile da Unidos de Vila Isabel será realizado à la Paulo Barros. Com seis alegorias e 30 Alas, decidiu aposentar os tripés e a grande aposta fica por conta da diversidade estética dos elementos, uma das formas que encontrou de carimbar para sempre na memória dos presentes a passagem da Agremiação pela Avenida em 2025.

“Podem esperar o Paulo Barros, que é aquele cara que quer causar sensações. Eu tenho um Conjunto Alegórico que é muito diversificado, é muito particular no sentido de que cada carro é muito diferente um do outro. A gente vê muitas Alegorias passando sendo muito parecidas, com a estética sendo mais ou menos a mesma. Eu tento fugir disso para que no Desfile as pessoas saiam e elejam qual o seu preferido. Isso é o legal, carimbar nas pessoas imagens que nunca vão esquecer. O meu objetivo de fazer um Desfile é sempre esse”.

Como em todos os anos, o Desfile vai apostar nos efeitos cênicos com que as Agremiações sempre contam, como fumaça, iluminação e o movimento das esculturas, feito pelos trabalhadores de Parintis. O Carnavalesco aponta que atualmente há tecnologias que seriam de grande impacto para as apresentações, mas que as Escolas não têm recursos financeiros suficientes para introduzi-las. Por isso, para ele, saber como usar as ferramentas disponíveis faz toda a diferença.

“Hoje o mundo está correndo muito rápido, as coisas estão acontecendo muito rápido. A televisão, o celular que você compra hoje, amanhã já estão obsoletos. A tecnologia hoje, você consegue absorver muita coisa, só que a gente não tem fundo financeiro para bancar isso. Hoje eu tenho o que sempre tive: fumaça, efeito de luz, movimentação pelo pessoal de Parintins, não tenho novidade nenhuma. A novidade vem no uso dessas coisas de modo único. É aí que a gente consegue ser diferente”.

Rachel Siston

rachel.dias@odia.com.br

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