SERENO DE CAMPO GRANDE
O Sereno de Campo Grande Desfilou na Intendente Magalhães no último domingo, 2 de março, com o Enredo “No sertão, se onde tem Sereno, têm corujas… Onde existem profetas… têm chuvas!!!”, desenvolvido pelo Carnavalesco Marcello Portella.
Comissão de Frente
Coreografada por Carlos Bolacha, a Comissão de Frente apresentou uma performance que sintetizou a essência do Enredo, destacando a importância dos profetas da chuva no sertão nordestino. Esses homens e mulheres, observando sinais da natureza, fauna, flora e astros, conseguiam prever a chegada das chuvas e orientar agricultores e pecuaristas sobre o melhor momento para o plantio e o cuidado com os animais. O grupo representou esses personagens e as formigas, que são um dos sinais mais observados pelos profetas para indicar mudanças climáticas. A encenação foi marcada por uma Coreografia muito bem ensaiada e sincronizada, incluindo pegadas elaboradas.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Alessandro Silva e Layne Ribeiro, foi responsável por coreografar sua própria apresentação. Eles estrearam com elegância e sintonia, executando uma coreografia simples, mas bem feita. Suas fantasias, vibrantes e bem trabalhadas, refletiram as cores azul e branco da escola, e o casal demonstrou harmonia em sua apresentação.

Comissão de Frente
Coreografada por Carlos Bolacha, a Comissão de Fente apresentou uma performance que sintetizou a essência do Enredo, destacando a importância dos profetas da chuva no sertão nordestino. Esses homens e mulheres, observando sinais da natureza, fauna, flora e astros, conseguiam prever a chegada das chuvas e orientar agricultores e pecuaristas sobre o melhor momento para o plantio e o cuidado com os animais. O grupo representou esses personagens e as formigas, que são um dos sinais mais observados pelos profetas para indicar mudanças climáticas. A encenação foi marcada por uma Coreografia muito bem ensaiada e sincronizada, incluindo pegadas elaboradas.
Harmonia
A Harmonia da Escola foi um dos pontos altos do Desfile. Os Componentes cantaram o Samba-Enredo com entusiasmo, destacando a forte conexão entre a Comunidade e a Agremiação. A Bateria “Swing da Coruja”, sob a liderança do Mestre Brício Silveira, manteve uma cadência envolvente, contribuindo para a Harmonia Musical do Desfile.
Evolução
A Evolução do Sereno transcorreu de forma fluida e organizada. As Alas avançaram sem interrupções, e não houve registros de buracos ou descompassos. A Escola demonstrou preparação e disciplina, refletindo o comprometimento de seus Integrantes.
Outros Destaques
A de Bateria, Katarina Harmony, esbanjou carisma e samba no pé, encantando o público com sua energia contagiante. Sua Fantasia estava deslumbrante, chamando atenção pela beleza e riqueza de detalhes. As Alegorias e Fantasias apresentaram bom acabamento e criatividade, reforçando a narrativa proposta pelo Enredo. Os Carros Alegóricos também se destacaram, sendo bem trabalhados e coerentes com a proposta visual do Desfile.
As Musas Adryele Araújo, Cintia Amanda, Giulia Pacoal, Ju Braga, Rosi Freire, Sol e Rodrogo Franco brilharam na Avenida, acrescentando ainda mais charme e animação ao Desfile. A Musa da Comunidade, Selma Rocha, representou com garra e emoção o amor pela Agremiação.

RENASCER DE JACAREPAGUÁ
A Renascer de Jacarepaguá encantou a Intendente Magalhães na noite do último domingo (2), com um desfile arrebatador pela Série Prata. Com o enredo “AqualTUNE: a Inspiração Forjada Em Pele Preta”, a Escola exaltou a força da mulher negra ao narrar a história da Princesa africana Aqualtune, que liderou guerreiros na Batalha de Mbwuila e, após ser escravizada, tornou-se figura central no Quilombo dos Palmares.
Comissão de Frente
Sob a Direção do Coreógrafo Carlos Fontenele, a Comissão de Frente da Renascer apresentou uma performance que simbolizava a ligação entre o divino e as raízes da humanidade. Com 11 integrantes, a apresentação contou com um Tripé representando um baobá, árvore africana que simboliza vida e ancestralidade. A escultura destacou-se pelo acabamento rico em detalhes e pelos movimentos sincronizados dos Componentes. A Coreografia foi forte e envolvente, e os Integrantes cantaram a plenos pulmões o verso marcante: “Eu nasci pra Renascer”, emocionando a arquibancada.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O Casal formado por Luiz Felipe Russier e Juliana Lázaro encantou com uma dança que mesclou o bailado tradicional a passos coreografados em referência ao Samba. A sincronia e a conexão entre os dois foram notáveis, e as fantasias eram espetaculares, combinando sofisticação e imponência.

Harmonia
A Harmonia da Escola foi fluída e sincronizada. O Intérprete Leonardo Bessa, à Frente do Carro de Som, conduziu o Samba-Enredo com maestria, contagiando a Comunidade.
Evolução
A Renascer apresentou uma Evolução alegre, permitindo que os Componentes desfrutassem do Desfile sem pressa. Houve um pequeno contratempo na terceira Cabine de Julgadores devido à demora do motorista do Carro de Som, o que causou um breve espaçamento entre as Alas. Contudo, a Escola concluiu seu Desfile com tranquilidade, dentro do tempo.
Outros Destaques
A Rainha de Bateria Elaine Caetano brilhou à Frente da “Guerreira” com simpatia e muito samba no pé. Seu Figurino, inspirado na ancestralidade africana, destacou-se pelo requinte e riqueza de detalhes. Sua interação com os Ritmistas foi um dos pontos altos da apresentação, demonstrando sintonia e carisma.

FEITIÇO CARIOCA
O domingo de Carnaval foi marcado por um espetáculo grandioso na Intendente Magalhães, onde a Feitiço Carioca desfilou com um Enredo potente e emocionante: “Griot: Memórias da Carne”. A Escola, que já se destacou por sua entrega e criatividade, trouxe para a Avenida uma celebração vibrante da África, reverenciando suas raízes e denunciando as cicatrizes da exploração histórica. Com uma apresentação arrebatadora, a Agremiação não apenas contou uma história, mas fez a plateia sentir cada batida do tambor ancestral que ressoava em cada ala.
Comissão de Frente
Sob a Coreografia de Adilson Lourenço, a Comissão de Frente foi um dos grandes destaques da noite. Muito bem Coreografada, apresentou uma performance de altíssimo nível, com uma Coreografia precisa e uma sincronia absurda. A apresentação foi um verdadeiro espetáculo teatral a céu aberto, onde os Componentes abraçaram o Samba Enredo e mostraram que o Feitiço está pronto para subir.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Anna Clara Gomes e Yuri Gomes, encantou o público com sua Dança repleta de elegância e emoção. Irmãos na vida real, eles demonstraram sintonia absoluta na Avenida, tornando sua apresentação ainda mais especial. Sob a orientação da Coreógrafa Marcelle Moura, o Casal brilhou com uma apresentação impecável.

Samba-Enredo
Na voz potente de Betinho Cavaco, o Samba-Enredo emocionou e contagiou o público. A melodia, repleta de cadência e lirismo, fez do canto coletivo uma espécie de ritual. O Samba foi, sem dúvida, um dos pontos altos do Desfile, servindo como fio condutor da emocionante narrativa apresentada.
Harmonia e Evolução
A Agremiação Desfilou com muita fluidez, sem falhas perceptíveis na Harmonia. Os Componentes cantavam a plenos pulmões, mostrando que a Escola veio para Disputar o Título. As Alas estavam muito animadas.
A Evolução foi marcada por Coreografias bem ensaiadas, que equilibravam a plasticidade das apresentações individuais com a força do coletivo. O entrosamento entre Alas e Carros Alegóricos garantiu um espetáculo envolvente.
Outros Destaques
A Rainha de Bateria, Geo Chagas, brilhou com seu carisma, encantando a todos com sua presença eletrizante. Com uma Fantasia luxuosa e muito samba no pé, ela contagiou a arquibancada.
As Musas Simone Gabriele, Samara Miranda e Raquel Gomes também se destacaram, cada uma trazendo sua própria personalidade ao Desfile. Com Figurinos impecáveis e um desempenho envolvente.
Outro ponto positivo foi a fidelidade das Fantasias ao Samba-Enredo. Cada detalhe das vestimentas remetia à cultura africana, desde as estampas e cores vibrantes até os acessórios.

UNIDOS DA BARRA
A Unidos da Barra da Tijuca levou à Passarela Popular do Samba, no último domingo (2), na Intendente Magalhães, um Desfile que trouxe a paixão pelo Carnaval sendo revisitada através de grandes Desfiles que já passaram pela Apoteose. Sua Comissão de Frente apresentou alusões e homenagens a grandes Desfiles e suas Escolas. A apresentação do Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Paulo Barbosa e Maura Luiza, foi cativante. A Escola apresentou alguns problemas de Harmonia e Evolução, com buracos, Componentes que não ecoavam o samba, teve alguns problemas com suas Fantasias na Ala de Baianas e alguns Componentes descalços. Contudo, fechou dentro do tempo regulamentar e apresentou a ideia contida em seu Samba-Enredo.

Comissão de Crente
Walber Valentini, coreógrafo da Comissão da azul e verde da Zona Oeste, foi o responsável pela apresentação que trouxe referência à Comissão Campeã da Tijuca; “É Segredo”, com uma Coreografia carismática e repleta de homenagens as Escolas Campeãs através da Fantasia de seus Componentes do sexo masculino. Também fez uso da ilusão de ótica e efeito pirotécnico.
Mestre-sala e Porta-Bandeira
O Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Paulo Barbosa e Maura Luiza, apresentou uma dança tradicional e cadenciada, com movimentos suaves e sincronizados, mostraram conexão e intimidade, no entanto pouco vigor e entusiasmo em seus movimentos. A Fantasia do casal não foi tão luxuosa quanto outras escolas da noite apresentaram.

Harmonia e Samba
A Harmonia da Escola poderia ter desenvolvido melhor o Canto tímido de seus Componentes; nas Alas Coreografadas o Canto fluía melhor, principalmente em partes que faziam alusões à Sambas icônicos e que tinham gestos contidos em sua Coreografia; como “Sassaricando” na Comissão de Frente.
O Intérprete Alex Ribeiro soube conduzir o Samba intitulado como “Sapucaí – Uma viagem em 4 tempos”, com maestria, levando animação e fácil contágio para o público presente, mesmo com os problemas apresentados no Som da Intendente Magalhães durante a noite. A Bateria encaixou perfeitamente com o Samba leve, animado e envolvente.
Evolução
Apresentou desorganização e correria para não estourar o tempo, deixando buracos visíveis, principalmente próximos ao terceiro e quarto módulo de Jurados. A Direção de Harmonia entrou em ação tentando acalmar os Componentes para que pudessem recompor sua posição ideal e encerrar o Desfile dentro do tempo, mas com calma e suas alas devidamente preenchidas.
UNIÃO DE JACAREPAGUÁ

Comissão de frente
Comandada pelo coreógrafo Arthur Rozas, a Comissão de Frente da União de Jacarepaguá, envolveu o público com uma Coreografia que apresentava confiança e o poder que a fé têm sobre os sonhos, enquanto a obscuridade pode estar presente como um monstro na turbulência e descrença. Enquanto dançavam, os Componentes entoaram com força e autoconfiança os versos do Samba-Enredo, celebrando a força intangível da fé.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Fábio Júnior e Natália Monteiro apresentaram uma Dança Cadenciada, com movimentos impactantes e envolventes. O Casal mostrou conexão com o Enredo e entre si. A Coreografia foi bem executada e representou com fidelidade o Enredo da Escola, que busca espelhar a forma como o homem tenta compreender seu lugar no universo, com a fé sendo representada mais uma vez através da Fantasia da Porta-Bandeira. Sua saia era composta por diversas “Espadas de São Jorge”, uma planta atrelada a crenças e simpatias culturalmente. No entanto, durante o Desfile, partes da saia da Porta-Bandeira acabaram caindo pelo caminho, deixando algumas falhas visíveis em sua Fantasia.

Harmonia e Samba
Os Componentes não apresentaram canto forte durante sua passagem pela Intendente. O Intérprete José Paulo Miranda conduziu de forma satisfatória o Samba, mas contou com alguns problemas técnicos do som, assim como os demais Intérpretes neste domingo (2) na Série Prata. A Bateria comandada pelo Mestre Marquinhos passou pela Passarela Popular do Samba empolgando os foliões que assistiam da arquibancada, com um ritmo contagiante.
Evolução
Após problemas para a entrada do Abre-Alas na Passarela; algumas Alas apresentaram certa desorganização, e de Passistas teve um buraco perceptível. Entretanto, não foi o único visto na Escola, na frente dos Carros Alegóricos ocorreram espaçamentos consideráveis. Ainda assim, a Escola conseguiu fechar o Desfile dentro do tempo regulamentar, sem penalidades.
UNIDOS DE LUCAS

Comissão de Frente
A Dupla formada por Daniel Ferrão e Léo Torres usou um elemento móvel, maquiagem artística, máscaras e referências a adaptação cinematográfica da Obra de Ariano Suassuna, encantando e cativando Jurados e público presentes. A teatralização da Coreografia desenvolvida para a Comissão de Frente foi uma grata surpresa, que introduziu fielmente o que viria a seguir para ser apresentado pela Escola.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Ewerton Anchieta e Alana Couto, apresentou uma Dança tradicional e cadenciada, com movimentos suaves e elegantes. A Coreografia leve e delicada buscava trazer a doçura de Nossa Senhora Aparecida, representada através da Fantasia da Porta-Bandeira.
A conexão da Dança do Casal, o entrosamento e o uso da representação de uma figura tão marcante para o contexto do Enredo na Fantasia de Alana trouxe a fácil identificação para o público do que a Escola se propôs a retratar em seu Desfile.

Harmonia e Samba
A Harmonia da Escola se destacou pelo Canto da Comunidade, ora mais tímidos, ora mais intensos, mas presentes por todo Desfile. Um samba que fluiu bem e contagiou Componentes e a arquibancada.
O Intérprete Vinny Machado conduziu a Escola de forma satisfatória, conseguindo um bom entrosamento com a Bateria comandada por mestre Celsinho; que trouxe agogôs ritmados, buscando representar o tom típico das músicas características do regionalismo nordestino.
Evolução
A Unidos de Lucas não apresentou problemas evidentes de Evolução, tampouco buracos visíveis ou correria. Conseguiu evoluir pela Passarela Popular sem problemas ou polêmicas. O Samba funcionou, a Escola evoluiu bem e encerrou seu Desfile dentro do tempo regulamentar.
ARRASTÃO DE CASCADURA

Como os casais estavam atrasados a direção de Harmonia segurou a Escola para que os mesmos pudessem ocupar os seus devidos Postos. Tal inciativa comprometeu a Evolução, ao qual levou a Agremiação ao estouro do seu tempo de Desfile em 42 minutos e 17 segundos, o que pode acarretar em perdas de preciosos décimos. Mesmo diante desse incidente, os demais Segmentos da Escola passaram bem pela pista de Desfile.
Comissão de Frente
Se apresentou com toda a performance do Teatro Experimental, de maneira muito coesa e sincronizada como exigido para o tema. Passando a leitura correta com referência a toda cultura negra com a interpretação e representação artística em referência a Personagem Cntral do Enredo, o Abdias Nascimento.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Apesar de toda a tensão envolvida no início, evoluíram bem. Foram conceituais e precisos. Com muita elegância e sincronismo, apresentaram uma performance satisfatória.

Harmonia e Evolução
Faltou um pouco de sincronia do Canto da Escola com o Carro de Som. Os Componentes se apresentaram com oscilações de Canto entre as alas, faltou a explosão do Samba acontecer. A Escola passou morna. Com todo o episódio envolvendo os atrasos dos Casais, a Agremiação teve o seu Desfile muito comprometido. No seu último setor os Componentes correram o que o ocasionou diversos espaçamentos entre as Alas, perdendo o controle o que levou ao estouro do tempo.
Samba
A Obra dos Compositores Jayme Cesar, Richard Valença, Julio Pinel, Serginho Rocco, Rodrigo Gomes, Nilson Lemos, Orlando Ambrosio, Evandro Irajá, Cosminho, Berval e Anderson Alemão, realizou uma leitura pontual. Em conjunto com a Bateria se tornou um Samba forte, atendendo bem a proposta e exigência do Enredo.
Outros Destaques
Sob a regência do Mestre Carlos Alexandre, mantiveram o Ritmo constante, preciso e correto, não deixaram o sarrafo cair e a cadência foi muito coesa. Passou muito bem. Sem erros ou sustos.
MOCIDADE SANTA MARTA
A oitava Escola da noite, a Mocidade Unida do Santa Marta, levou para a Intendente Magalhães o Enredo “Ajeum: Alimento de corpo e alma”, desenvolvido pelo Carnavalesco Arthur Paschoa, que contou sobre a culinária sagrada afro-brasileira desde os tempos da ancestralidade. A Agremiação se apresentou de forma lenta na Avenida, fazendo com que, ao final do seu Desfile, corresse para não estourar o tempo, abrindo vários espaçamentos entre as alas e alegorias, assim terminando o seu Desfile no tempo de 41 minutos e 27 segundos.

Comissão de Frente
Comandada pelo Coreógrafo Plínio Costa, encenaram os Orixás em uma grande gira. Com muito sincronismo e performance, passaram uma leitura clara do Enredo, atendendo bem à proposta e exigência do tema. Uma excelente apresentação, digna de nota máxima.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O Casal Marcelo Tchetchelo e Érica Duarte se apresentou com muito sincronismo e muita elegância. Uma performance muito boa. Vieram para buscar a nota máxima no Quesito.

Harmonia e Evolução
A Escola, em alguns momentos, se apresentou de forma vibrante, com os Componentes cantando o Samba, em sintonia com o Carro de Som e a cadência da Bateria. A Agremiação se apresentou de forma lenta no seu Desfile. Teve problemas que podem custar a perda de alguns décimos por conta da correria no trecho final, na tentativa de não estourar o tempo; de nada adiantou.
Samba
A Obra dos Compositores Bruno Gomes, Ana Beatriz Florindo, Sergio Henrique da Conceição, Carlos Henrique dos Santos, Ari Jorge (in memoriam), Tales Fernando, Sylvio Ricardo e Luis Fernando da Silva realizou a leitura perfeita do Enredo. Com a letra forte e melodia que casou corretamente, bem interpretado pelo Raí Trovick e seu Carro de Som, contagiou os Componentes e a galera presente.
Bateria
Os Ritmistas, Comandados pelo Mestre Caliquinho, se apresentaram com uma cadência forte e pra cima. Foi o complemento necessário para fazer o Samba acontecer na Avenida.
Outros destaques
Vai para a Comissão de Frente, que realizou uma excelente apresentação diante dos Jurados. A interpretação do Raí Trovick e o Carro de Som fizeram o Samba acontecer, casando-o perfeitamente com a Cadência e as Bossas do Mestre Caliquinho.
CHATUBA DE MESQUITA
A Chatuba de Mesquita desfilou na Intendente Magalhães na noite deste domingo (2). Contudo, apesar de ser uma das últimas Escolas a Desfilar na Série Prata, isso não foi motivo para cansaço e desânimo. Muito pelo contrário, foi uma das razões para tanto destaque, principalmente na sua Comissão de Frente, que chegou mandando um “beijinho” no ombro para os concorrentes, em alusão à música da funkeira Valeska Popozuda.

O Desfile começou e terminou pontualmente aos 40 minutos. O Enredo Funk-se Quem Quiser, dos autores Alexandre Costa, Lino Sales e Marcus do Val, foi representado na voz de Edinho Gomes. A Agremiação foi a nona na ordem dos Desfiles, porém esteve disposta a mostrar todo o seu potencial na noite da Avenida Intendente Magalhães. A ala das crianças Fantasiadas de hip-hop foi um show à parte. Esse momento foi muito emocionante, pois mostra que o som que antes era recriminado passa para as próximas gerações de maneira ressignificada.
Comissão de Frente
A Comissão chamada ‘O Baile de Funk e seu Paredão’ representou muito bem os passinhos que jovens costumam dar nos bailes. Os Integrantes usaram um Figurino bastante fidedigno, com direito a cropped e short curto, com cores que variavam entre prata, verde fluorescente e rosa pink. Nas mãos e pés de alguns Componentes, foram colocadas caixas representando o paredão de som.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O Casal Cristiano Foguinho e Ana Beatriz Arruda fez sucesso na performance com muita animação e sincronia. O rapaz estava vestido com a fantasia dourada, em homenagem ao saudoso James Brown, famoso e um dos responsáveis pela evolução do ritmo gospel no mundo. Além disso, ele também influenciou outros gêneros musicais, como rock, jazz, reggae, disco e hip-hop.

Já Ana estava com uma Fantasia maravilhosa, vibrando e girando como se fosse sua primeira vez em uma apresentação dessa magnitude. A Componente manteve-se impecável, celebrando cada momento e levando Foliões à loucura com seu carisma e sua Fantasia com adereços na cor verde e dourada, as mesmas das cores da Bandeira da Escola. Ali, quem estava presente certamente era Betty Davis, que fez história no cenário do funk nos anos 70.
Harmonia
De modo geral, a Escola teve uma Harmonia bem animada durante os 40 minutos na Avenida. A Ala das Baianas, que representava o gênero musical ‘black music’ – música feita pelos negros escravizados nos Estados Unidos – esteve bem entrosada. As saias rodadas coloridas, com uma espécie de escudo prateado e a imagem de uma mulher com black Power e uma coroa dourada, mostraram o empoderamento não só do estilo, como também da mulher preta.
As Musas Michele e Aline foram um show à parte. Ambas mostraram que samba no pé é com elas mesmas, ainda que não estejam no padrão de corpo que a indústria da moda prega.
A segunda Ala, chamada ‘sons metálicos’, nas cores branca e prata, contribuiu ainda mais com a beleza da Escola, principalmente pelos contrastes que diversos instrumentos podem criar entre si quando estão juntos. As vozes dos demais componentes pareciam um uníssono quando a Bateria caprichou junto com os puxadores, no trecho: “Glamurosa, rainha do funk. É som de preto e favelado. Beijinho no ombro, respeite a nossa luta. Atenção, chegou Chatuba.”
Evolução
Um pequeno buraco se formou na Ala 8, chamada Tamborzão, e no Tripé ‘Tambores de Ogã’, que, por sinal, estava lindo. O Muso Diego Edson deu o melhor de si durante sua apresentação. Foi uma pena que sua presença ilustre, seu desempenho e sua simpatia não tenham sido o suficiente para minimizar ou sanar este pequeno problema que permeava os dois “setores”.
Samba
A escolha do Samba mostrou-se ainda mais necessária nos tempos difíceis nos quais vivemos. Apesar de o tema ser recorrente nos Debates Sociais, não se pode esquecer o quão o Ritmo – funk, embora celebrado hoje – já foi marginalizado por ser oriundo das periferias e do povo negro escravizado.
Os principais pontos positivos são, de fato, a letra somada à voz dos Cantores e dos Componentes, que celebram a libertação de criar uma arte que movimenta a economia, não somente na favela, como também transforma inúmeras vidas, gera empregos e dá uma outra perspectiva sobre a vida de uma pessoa de origem simples.
Os negativos, por outro lado, podem ser a falta de referência a outros Cantores de funk, que não fazem uma crítica social, mas sim apologia a determinadas situações, como crime, abuso e relações sexuais explícitas. Esses discursos muitas vezes descredibilizam o gênero como arte e o colocam novamente num patamar de inferioridade pelo seu conteúdo.
Outros Destaques
Vale salientar que, além da Bateria da Escola ter sido excelente, sua identidade visual representativa também deve ser comentada aqui. Todos os Componentes estavam trajados de polícia militar, fazendo referência à repressão truculenta que muitas vezes o Estado impõe contra as minorias menos favorecidas.
O segundo Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira também deu o seu melhor, com muito sorriso, passos, giros e energia. Eles estavam muito “solares” na noite de ontem, com a Fantasia de frutas tropicais, que também remete à época das mulheres-frutas.
A ala 12 também não pode passar despercebida, com seus Integrantes usando a Fantasia com o nome ‘Silva’, um dos mais comuns, porém muito famoso por conta da música “Rap do Silva”, que diz: “É só mais um Silva que a estrela não brilha. Ele era funkeiro, mas era pai de família.” Esse trecho se refere a como os funkeiros eram marginalizados e excluídos, muitas vezes tratados como “marginais” tanto pela sociedade quanto pelo poder coercitivo exercido pelas autoridades da área de segurança pública, que deveria protegê-los e não os prender.
INDEPENDENTE PRAÇA DA BANDEIRA
A Independente da Praça da Bandeira foi a décima e última Agremiação a passar pela Avenida pela Série Prata do Carnaval. Não é possível mensurar se cansaço, desânimo e baixa energia eram naturais pelo horário ou se, de fato, a Escola teve dificuldade para mexer com o público.

O Desfile começou atrasado, com cerca de quatro minutos e 30 segundos, devido a um problema técnico no Carro de Som. O mais incrível ou inacreditável é que a Escola conseguiu terminar o percurso apenas com um minuto e 37 segundos de tempo estourado, totalizando 41 minutos e 37 segundos. O Enredo Sinfonia Poética: Daqueles que Não Se Deixaram Calar parece que sofreu efeito rebote para a Agremiação, que estava, na maior parte do tempo com Desfilantes desanimados.
Comissão de Frente
A Comissão, que pouco entoava o trecho “Eu Vim De Lá. Quero A Tal Felicidade, Esquecer Melancolia. Iêê. Viva Chico Rei”, mostrou que a melancolia, infelizmente, ainda não foi superada pela felicidade prometida. O Figurino, com roupas utilizadas nos cultos de matriz africana, teria sido um mero detalhe caso não fossem os buracos na Comissão, que tentaram ser ajustados durante a performance.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O casal composto por Welington Jr. e Carol Gurjão estava com suas respectivas fantasias bonitas, nas cores prata, com detalhes em cinza, preto e dourado. Contudo, durante o início do desfile, a dupla não mostrou vigor dança. Faltou mais vontade na exibição.

Harmonia
A ala 1, que representava Africanidade, tinha cores vibrantes que contrastavam entre si: o verde da vestimenta, com o azul do turbante e uma espécie de colar em formato de dente de algum mamute já extinto, estava exuberante. Contudo, a beleza não foi suficiente para tirar a má impressão de desmotivação dos componentes.
A segunda ala, chamada Mãe África, representada pelas baianas com vestidos rodados nas cores branco e dourado, foi o ápice da noite. Ao menos este setor demonstrou ser mais animado que os dois anteriores. As integrantes giravam com todo o seu vigor e carisma em sincronia, dentro de suas possibilidades.
A 6ª ala, nomeada como Chegada dos Congoleses, compartilhou lindamente o modo como o Reino do Congo trouxe, em massa, a sua população, sendo reconhecida no Brasil pós-colonial como povo Bantu. O azul e dourado da indumentária fazem jus aos reinos africanos apagados pela escravização do povo negro no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países, onde seu próprio semelhante era leiloado como uma mercadoria “sem valor”.
Evolução
A evolução poderia ter se saído melhor se não fosse o pequeno atraso e a possível exaustão demonstrada pela escola de modo geral. A bateria, vestida como marinheiros, estava com um bom ritmo e sincronia entre as variedades de instrumentos tocados, indo na contramão das alas iniciais. O diretor Josué Lourenço pode ter razões para se orgulhar da apresentação.
Samba
Apesar de o samba ter sido escrito de modo a relatar as mazelas e alegrias do povo negro e sua religião, a letra ficou um tanto quanto repetitiva. Os autores Téo de Meriti, Léo Trinta, Diego Nascimento, Serginho do Porto, Dimmy Martins, Dilson Marimba e Fio Cabral poderiam ter inovado no refrão. O intérprete pode ter cantado a plenos pulmões, mas toda e qualquer música, quando se torna um tanto quanto cansativa, acaba não dando destaque a quem canta com verdade cada estrofe. Nota-se o amor e carinho de Diego Nascimento pela escola e sua história.
Outros destaques
O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira entregou tudo: teve muito sorriso, energia, simpatia e carisma. A bateria, em referência aos marinheiros, e a 2ª ala das baianas, vestidas de Mãe África, foram os destaques dessa noite memorável. Vale mencionar ainda o carro alegórico A Grande Chegada ao Novo Mundo do Povo Negro, que trazia referência dos navios negreiros, ressignificando a história triste em celebração ao povo negro, que, apesar das mazelas, trouxe e contribuiu com a formação da nossa cultura. Fica a reflexão de como seria o Brasil sem miscigenação e sua pluralidade de etnias e crenças.
Fotos: S1 Comunicação/Redes Sociais/Série Prata