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Desfiles em três noites agradam, mas logística decepciona público

Prefeito Eduardo Paes (PSD) e Governador Cláudio Castro (PL), assim como muitos Sambistas, apoiaram a mudança

Novidades no Carnaval carioca mudaram o ritmo na Sapucaí. Os inéditos três dias de Desfiles do Grupo Especial, com quatro Escolas por noite, dividiram o público, provocando elogios e críticas. O Prefeito Eduardo Paes (PSD) e o Governador Cláudio Castro (PL), assim como muitos Sambistas, apoiaram a mudança, destacando o impacto positivo para a cidade e o estado.

— Óbvio que ainda há ajustes a serem feitos, porque é difícil mudar depois 40 anos. Ainda falta uma cultura das pessoas para ficarem na terça-feira — disse Castro.

A pontualidade no Grupo Especial e o maior tempo de Desfile — 80 minutos em vez de 70 — ganharam nota máxima de quem foi assistir ao espetáculo, assim como os dez minutos de esquenta para cada Escola. Mas a satisfação cai quando a avaliação é sobre a infraestrutura: filas longas para entrar no Sambódromo exigiram paciência do público, e a saída foi bem tumultuada, já que a ideia da roda de samba na Apoteose não fez o sucesso esperado.

Blocos mais enxutos

Na segurança, setor sensível em qualquer grande Evento, não houve sobressaltos, apesar de relatos de assaltos no entorno da Sapucaí. A PM fez 786 prisões em flagrante, 16 delas com a ajuda das câmeras de reconhecimento facial espalhadas pela cidade. Ao todo, foram feitos 590 registros em delegacias, uma queda de 17% em comparação com o ano passado.

Pelas ruas, turistas e cariocas encontraram novos roteiros de Blocos, alguns com versões mais enxutas. Até os Megas ficaram menores, para a alegria dos foliões. O Fervo da Lud, por exemplo, que em 2024 atraiu 1,2 milhão de pessoas, reuniu 750 mil esta semana.

Com oito milhões participando da festa, a economia da cidade também comemora. A ocupação de hotéis alcançou 98,62% entre o último sábado e a Quarta-feira de Cinzas. Em 2024, esse percentual foi de 86,92%.

Pontos negativos

  • Filas. Para os desfiles do Grupo Especial, filas cruzaram quarteirões nos arredores do Sambódromo. A principal mudança no acesso foi a introdução de um sistema de reconhecimento fácil, que resultou em demora, principalmente nos momentos em que chegam muitos ônibus com convidados para os camarotes. A desorganização provocou um atraso de cerca de 40 minutos no primeiro desfile da Série Ouro. Procurada, a Liesa não se pronunciou.
  • Tumulto na saída. Ao fim dos desfiles na Sapucaí, os espectadores reclamaram da logística de circulação dentro do Sambódromo. A ideia da Liesa era reter o público numa roda de samba na Apoteose, mas não deu certo. Após a passagem da última escola, o público deixou frisas e arquibancadas o mesmo tempo, provocando aglomeração nas estações de metrô da Praça Onze e da Central. O MetrôRio informou que “instalou grades ao redor das estações de maior fluxo, para direcionar o grande público que chega de forma concentrada”, e aumentou o número de seguranças.
  • Estrutura para a Série Ouro. No pré-carnaval, um incêndio na fábrica Maximus matou uma pessoa morta e deixou outras 20 feridas, além de ter destruído fantasias de três escolas. O episódio chama atenção para a necessidade de oferecer melhor estrutura para as agremiações da Série Ouro.
  • Escuridão. Enquanto a iluminação cênica usadas nos desfiles é elogiada, sua utilização nos intervalos entre as apresentações deixou as arquibancadas às escuras, o que desagradou porque as pessoas tiveram dificuldades de descer e subir as escadas em meio ao breu.
  • Trânsito. Houve engarrafamento no entorno do Sambódromo, sobretudo nos dias de desfiles da Série Ouro. Taxistas também reclamaram dos pontos de bloqueio, que os impediam de chegar aos locais adequados para atender ao público da Sapucaí.
  • Cobranças irregulares. Quem foi à Sapucaí reclamou (mais uma vez) de taxistas que cobravam “no tiro”, ou seja valores pré-fixados e altíssimos, ignorando o taxímetro. A Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) informou que foram aplicadas 410 multas por infrações, e feitas 14 remoções de veículos. Segundo a prefeitura, um taxista foi flagrado cobrando corrida no “tiro” e teve o veículo lacrado.
  • Lixo e xixi. Na Lapa, nos últimos dias de carnaval, o cheiro forte de xixi e o lixo nas ruas chamaram a atenção. Há que se pensar em mais banheiros para os próximos anos. Na Praça Tiradentes, no Centro, pessoas estavam cobrando R$ 3 pelo uso do banheiro químico, que é público, já que as cabines foram instaladas por uma empresa contratada pela prefeitura.
  • Ambulantes ilegais. Antes do carnaval, a prefeitura sorteou permissões para ambulantes atuarem nas ruas. Segundo a Seop, foram apreendidas 26 credenciais utilizadas por pessoas não autorizadas nos blocos e megablocos. A Polícia Civil vai investigar.

Pontos positivos

  • Novidades. Superprodução nos ensaios técnicos agradou ao público que acompanhou a festa gratuitamente de arquibancadas e frisas. Até camarotes abriram para convidados.
  • Pontualidade. No mundo do samba nem sempre o horário marcado é respeitado, mas este ano os desfiles do Grupo Especial e da Série Ouro mostraram que isso é possível. Apenas na sexta-feira, primeiro dia do Acesso, a fila para entrar no Setor 5 se estendeu e levou Hugo Júnior, presidente da LigaRJ, a atrasar em cerca de 40 minutos o início do desfile.
  • Esquenta. Foi bonito ver o público se animar ao cantar sambas antigos no esquenta estendido para dez minutos, cinco a mais do que em 2024.
  • Controle de ‘bicões’. O rigor para impedir pessoas sem credencial na Passarela do Samba antes e depois das escolas deu resultado. Diminuiu bastante o vaivém de quem não estava envolvido no desfile. A Liesa chegou a multar em R$ 250 mil Mocidade, Salgueiro e Portela por desfilarem com mais componentes de diretoria no início e no final da escola. Mas o atacante do Santos Neymar e sua esposa, Bruna Biancardi, receberam da entidade uma credencial preta, que dá acesso à pista, e andaram pela Sapucaí nos intervalos entre as agremiações.
  • Espaço bem-estar. Os componentes das velhas guardas e das alas das baianas ganharam um espaço onde podiam beber água e até receber massagem na concentração. Ali ao lado, também foram instalados contêineres que serviram de camarins climatizados para intérpretes e casais de mestre-sala e porta-bandeira.
  • Iluminação cênica. Grande motivação para a terceira noite de desfiles — assim todas as escolas poderiam se apresentar longe do alcance do sol —, luzes coloridas e holofotes se destacaram mais uma vez. Com os efeitos, as agremiações valorizaram seus carros e os materiais das fantasias.
  • Setor zero. Desde o carnaval de 2020 as arquibancadas na Avenida Presidente Vargas, apelidadas de setor zero, não eram montadas. Com o retorno da estrutura, muitos puderam acompanhar a entrada das agremiações de graça.
  • Segurança. O reforço no policiamento tanto nos arredores da Sapucaí quanto em áreas tomadas pelos blocos funcionou: o número de registros de ocorrência foi 17% menor do que o do ano passado. Na capital, 16 pessoas foram presas pela PM com ajuda do sistema de reconhecimento facial instalado próximo aos megablocos e à entrada da Sapucaí. O governo anunciou a queda de 64% de furtos a pedestres e 33% dos roubos de veículos na capital, também em relação ao mesmo período do ano passado. “Fechamos mais um carnaval com resultado absolutamente positivo”, disse disse Cláudio Castro.
  • Xô, calor. Ações para refrescar o público durante os blocos funcionaram, das “bazucas de água” aos mangueirões de caminhões-pipa jogando água na multidão.
  • Turismo. Visitantes nacionais e estrangeiros que vieram para o carnaval se encantaram com o Rio e muitos esticaram as férias na cidade. A ocupação hoteleira no município beirou 100%.

Por Felipe Grinberg, Thayná Rodrigues e Vittoria Alves — Rio de Janeiro

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