NOTÍCIAS

Conheça dez Profissionais que fazem a festa acontecer em 2025

Cortejos nas ruas. Festas com batuques. Escolas de Samba nas Avenidas. Deu vontade? Em muitos estados brasileiros, as opções para curtir uma folia já não faltam em fevereiro, e as agendas culturais seguirão numa crescente até março. Mas, para muita gente, suar a camisa nesses dias tem um significado bem diferente. Cenógrafos, Carregadores, Aderecistas e Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), entre outros Profissionais, trabalham duro para fazer o Carnaval acontecer.

O EXTRA apresenta, nesta reportagem, dez personagens dos Bastidores da maior festa popular do Brasil, que gera renda país afora. Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA) do Rio, os Desfiles deste ano devem criar cerca de 50 mil empregos.

— O Rio Carnaval é um grande vetor de geração de emprego e renda, desde o processo de criação até o pós-Desfile. São mais de 80 tipos de categorias de Profissionais que atuam nele — afirma Rafaela Bastos, Diretora de Marketing da LIESA.

Motor da economia carioca

Além dos Desfiles na Marquês de Sapucaí, os Blocos de Rua e os Eventos particulares demandam trabalhadores no Rio. Nesta semana, o Festival Casabloco, com atividades no Centro Cultural Banco do Brasil e no Jockey Club, contribuiu para os números do esquenta de Carnaval.

— De forma direta, 300 pessoas prestaram serviços. Se considerar Equipes de artistas e fornecedores, deve chegar a 3 mil. A cadeia produtiva do Carnaval é enorme. E o calendário já ocupa o ano todo — diz a organizadora Rita Fernandes.

Ganham os profissionais e a cidade. Segundo Osmar Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Rio, o Carnaval movimentou R$ 5 bilhões no ano passado.

— O Carnaval é um dos motores da economia carioca. Esse montante considera os dias de Folia, mas a festa acontece o ano todo e gera muito emprego e renda. Além disso, é um retrato do espírito carioca para o mundo. Esperamos que o Carnaval de 2025 gire ainda mais a nossa economia — diz o Secretário.

“Consegui emboçar e pintar minha casa”

O carregador Carlos Eduardo Miranda passou a gostar de carnaval após começar a trabalhar em um camarote — Foto: Arquivo pessoal
O Carregador Carlos Eduardo Miranda passou a gostar de Carnaval após começar a trabalhar em um Camarote — Foto: Arquivo pessoal

– Meu tio tem uma Empresa de Marcenaria Cenográfica, e eu trabalho com ele há dois anos e meio, fazendo Marcenaria e Montagem de alumínio. Como ele presta serviço para Camarotes de Carnaval no Sambódromo, começou a me puxar para cá, e eu conheci o pessoal. É o segundo ano em que paro de trabalhar com ele nesse período para ser Carregador aqui no Camarote King. Eu ganho cerca de 15% mais. No ano passado, consegui emboçar e pintar minha casa com esse dinheiro. É uma experiência surreal. Passei a gostar de carnaval depois de trabalhar aqui. Mesmo com o serviço, a gente consegue se divertir, ir para a frisa, ficar na boate nos intervalos. É um ambiente familiar, no qual a gente trabalha e se diverte. Temos um grupo no WhatsApp com pessoas que costumam fazer os trabalhos e, já no meio do ano, vamos nos falando e torcendo para chegar o Carnaval e nos encontrarmos na Avenida – conta Carlos Eduardo Miranda, Carregador do camarote King.

“O carnaval exige muito da gente”

Jéssica Lima faz a tradução e a interpretação na avenida para pessoas surdas — Foto: Arquivo pessoal
Jéssica Lima faz a tradução e a interpretação na Avenida para pessoas surdas — Foto: Arquivo pessoal

– Em 2023, eu fui chamada pela primeira vez pela All Dub Estúdio — que é uma empresa de acessibilidade em Eventos — para trabalhar no espaço do Sambódromo voltado a pessoas com deficiência. No setor 13, a gente faz a tradução e a interpretação do que é falado para os surdos, inclusive o Samba-Enredo. Depois, fomos chamados para Camarotes também. Neles, o trabalho é durante os intervalos dos Desfiles das Escolas, nos shows que acontecem. Este ano, estarei no Camarote VerdeRosa. Atuar no Carnaval é uma emoção muito grande, dada a importância do Evento, que exige muito da gente. Fazemos um estudo prévio de palavras com as quais não estamos habituados, como algumas de origem africana que aparecem nos Sambas. E isso pede muita animação. Em uma Palestra, a gente não precisa dançar, por exemplo. Mas o ‘Consegui emboçar e pintar minha casa’

O carregador Carlos Eduardo Miranda passou a gostar de carnaval após começar a trabalhar em um camarote — Foto: Arquivo pessoal
O carregador Carlos Eduardo Miranda passou a gostar de carnaval após começar a trabalhar em um camarote — Foto: Arquivo pessoal

– Meu tio tem uma empresa de marcenaria cenográfica, e eu trabalho com ele há dois anos e meio, fazendo marcenaria e montagem de alumínio. Como ele presta serviço para camarotes de carnaval no Sambódromo, começou a me puxar para cá, e eu conheci o pessoal. É o segundo ano em que paro de trabalhar com ele nesse período para ser carregador aqui no camarote King. Eu ganho cerca de 15% mais. No ano passado, consegui emboçar e pintar minha casa com esse dinheiro. É uma experiência surreal. Passei a gostar de carnaval depois de trabalhar aqui. Mesmo com o serviço, a gente consegue se divertir, ir para a frisa, ficar na boate nos intervalos. É um ambiente familiar, no qual a gente trabalha e se diverte. Temos um grupo no WhatsApp com pessoas que costumam fazer os trabalhos e, já no meio do ano, vamos nos falando e torcendo para chegar o carnaval e nos encontrarmos na Avenida – conta Carlos Eduardo Miranda, carregador do camarote King.

‘O carnaval exige muito da gente’

Jéssica Lima faz a tradução e a interpretação na avenida para pessoas surdas — Foto: Arquivo pessoal
Jéssica Lima faz a tradução e a interpretação na Avenida para pessoas surdas — Foto: Arquivo pessoal

– Em 2023, eu fui chamada pela primeira vez pela All Dub Estúdio — que é uma empresa de acessibilidade em eventos — para trabalhar no espaço do Sambódromo voltado a pessoas com deficiência. No setor 13, a gente faz a tradução e a interpretação do que é falado para os surdos, inclusive o samba-enredo. Depois, fomos chamados para camarotes também. Neles, o trabalho é durante os intervalos dos desfiles das escolas, nos shows que acontecem. Este ano, estarei no camarote VerdeRosa. Atuar no carnaval é uma emoção muito grande, dada a importância do evento, que exige muito da gente. Fazemos um estudo prévio de palavras com as quais não estamos habituados, como algumas de origem africana que aparecem nos sambas. E isso pede muita animação. Em uma palestra, a gente não precisa dançar, por exemplo. Mas o Carnaval é festa e, para isso ser impresso na língua de sinais, é preciso mostrar a intensidade no próprio corpo – explica Jessica Lima, Intérprete de Libras do VerdeRosa.rnaval é festa, é preciso mostrar a intensidade no próprio corpo – explica Jessica Lima, intérprete de Libras do VerdeRosa.

“Estou me redescobrindo aqui”

Após ficar desempregada, Catiane Nascimento teve a oportunidade de trabalhar pela primeira vez na produção de carnaval — Foto: Arquivo pessoal
Após ficar desempregada, Catiane Nascimento teve a oportunidade de trabalhar pela primeira vez na Produção de Carnaval — Foto: Arquivo pessoal

– Eu era Auxiliar Administrativa numa clínica de reabilitação esportiva até junho do ano passado. Mas fiquei desempregada e, em agosto, uma amiga me perguntou se eu queria fazer a Desmontagem da Decoração do Camarote Folia Tropical, que ia mudar de localização na Sapucaí. Era um trabalho de duas semanas, que eu fiz em uma. O Produtor, então, viu meu trabalho e me propôs ficar como assistente dele até abril de 2025. Desde então, auxilio no escritório e no depósito. Eu nunca gostei de Carnaval, nem ligava a TV para assistir. Mas estou gostando muito. Me senti desafiada e estou me redescobrindo aqui. Meu modo de pensar mudou, a autoestima também. É um trabalho que vai sendo feito aos poucos, juntando cores, e quando fica pronto, é um mundo. Vi o Camarote funcionar num Evento-teste na semana passada, e foi gratificante. Fiquei arrepiada – descreve Catiane Nascimento, Auxiliar de Produção do Folia Tropical.

“Depois que entra na Sapucaí, é difícil sair”

O maceneiro Felipe Cruz comemorar sua primeira atuação como prestador de serviços no Sambódromo — Foto: Arquivo pessoal
O Maceneiro Felipe Cruz comemorar sua primeira atuação como prestador de serviços no Sambódromo — Foto: Arquivo pessoal

– É a primeira vez que eu estou entrando no Sambódromo como prestador de serviços. Tenho uma empresa que faz manutenção, limpeza e conservação predial há 14 anos. E o Camarote Rio Praia contratou o nosso serviço de Marcenaria, para fazer as elevações de piso nas frisas. Durante o ano, a gente pega alguns serviços ao mesmo tempo. Mas este é um extra que me dá segurança de dois meses sem outros trabalhos. Tenho visto ainda que há um mundo de possibilidades aqui e como isso movimenta a economia no Rio de Janeiro. Depois que você entra na Sapucaí, é difícil sair, pois outros Setores e Camarotes nos chamam para desenvolver projetos. Além disso, fomos chamados pela Dream Factory, Empresa que está responsável por captar recursos para fomentar o Carnaval de rua do Rio, para fazer a limpeza e a conservação nos Blocos, em espaços de ativações de Empresas, em banheiros químicos – diz Felipe Cruz, Marceneiro no Rio Praia.

“Ajudamos no maior espetáculo da Terra”

Bruna Rosa confecciona cabeças de fantasias de carnaval — Foto: Arquivo pessoal
Bruna Rosa Confecciona cabeças de Fantasias de Carnaval — Foto: Arquivo pessoal

– Como cresci com um pai florista e uma mãe que criava acessórios de Carnaval, fui incentivada desde cedo a desenvolver minhas habilidades com artesanato. Até que uma amiga me deu a ideia de começar a vender minhas criações de Cabeças de Fantasias. Comecei com Tiaras de Sereia e de Carmen Miranda em Feiras de Rua e tive um bom resultado. Em 2019, formei uma sociedade e criei a marca Atelier Talismã. Quando passei em um concurso público, investi mais nas minhas criações e passei a vendê-las para Foliões de Blocos de Rua, Integrantes de Escolas de Samba e frequentadores de Bailes de Gala, como o da Vogue. Com o dinheiro, montei meu “Barracão” em casa para produzir as peças e paguei um cursinho que me levou à aprovação no concurso. Ainda assim, não gosto de reforçar a ideia de que empreender é a solução para tudo. É muito difícil viver só de Carnaval. O que é triste porque ajudamos a fazer o maior espetáculo da Terra – conta Bruna Rosa, Aderecista.

“Consigo dobrar meus ganhos”

A cenógrafa Olívia Oliver planeja fazer investimentos profissionais com o dinheiro adquirido durante o carnaval — Foto: Arquivo pessoal
A Cenógrafa Olívia Oliver planeja fazer investimentos Profissionais com o dinheiro adquirido durante o Carnaval — Foto: Arquivo pessoal

– Eu já trabalhava com moda e, por isso, fui chamada para fazer parte da Escola de Divines (Projeto de Formação em Moda no Rio de Janeiro voltado para pessoas trans e travestis) em 2024. Neste ano, chegou lá um pedido de Cenografia para uma festa de Pré-Carnaval, a Casabloco. Então, me mandaram para o trabalho, no qual eu atuei em janeiro, fazendo desde a separação de tecidos e os molde dos móbiles até o corte e a costura. Eu gosto do Carnaval e de trabalhar nele até mais do que curtir a festa. Além disso, faço customizações de abadás em camarotes desde 2020 . É muito gostoso ver as pessoas felizes com algo que você idealiza e sugere. Com esses extras no Carnaval, consigo praticamente dobrar os meus ganhos. Em 2025, o plano é investir em mim Profissionalmente: na compra de materiais, na recapacitação e na pesquisa de peças interessantes para o meu brechó – diz Olívia Oliver, Cenógrafa da festa Casabloco.

“Trabalho sendo as mãos do carnavalesco”

O chefe de alegoria Anderson Abreu conta que o trabalho nos barracões de escola de samba começam dez meses antes do carnaval — Foto: Arquivo pessoal
O Chefe de Alegoria Anderson Abreu conta que o trabalho nos Barracões de Escola de Samba começam dez meses antes do Carnaval — Foto: Arquivo pessoal

– Comecei no Carnaval em 1991, trabalhando na Mangueira ao lado de Ilvamar Magalhães. Posso dizer que cada ano dentro de uma Escola de Samba traz aprendizados. Trabalho sendo as mãos do Carnavalesco. Ele me dá o projeto, e eu executo. Tenho a responsabilidade de entregar tudo pronto para a Escola, seguindo um cronograma rígido. Se um ferro ficar visível ou faltar um detalhe em uma Escultura, eu preciso corrigir. O trabalho começa cerca de dez meses antes, com a criação das Fantasias, a Divisão das Alas e o Desenho dos Carros Alegóricos. A rotina é intensa, de segunda-feira a sábado, mas ver tudo ganhar vida na Avenida faz cada esforço valer a pena. Neste ano, estou no Salgueiro, e começamos a produzir as Fantasias já em maio de 2024. Passei por Escolas como Imperatriz Leopoldinense, Grande Rio, Portela e até por algumas do Rio Grande do Sul. Com minha renda em 34 anos no Carnaval, comprei uma casa e um sítio – comemora Anderson Abreu, Chefe de Alegoria.

“Ganho um pouco mais nesta época”

Após sair da Bahia, a coreógrafa G'leu Cambria conquistou seus espaços nas escolas de samba do Rio — Foto: Arquivo pessoal
Após sair da Bahia, a Coreógrafa G’leu Cambria conquistou seus espaços nas Escolas de Samba do Rio — Foto: Arquivo pessoal

– Sou baiana e nasci numa família que tem um Terreiro de Candomblé da Nação Angola, fundado em 1885, um dos mais antigos da Bahia. Foi lá onde dei meus primeiros passos na Dança. Durante anos, fui Coreógrafa do Bloco Dilazenze, em Ilhéus. Cheguei ao Rio de Janeiro porque me casei. E logo voltei a dar Aulas. Comecei ensinando os amigos na sala de casa. Cheguei a ter 15 alunos, até que a síndica pediu para que eu parasse. Foi então que abri minha Escola Dança Afro G’leu Cambria. Em 2022, eu conheci o Presidente da Império da Tijuca. Criamos uma Coreografia voltada para os Caboclos, e meu trabalho passou a ser visto. Desde então, atuei em diversas Escolas de Samba e, agora, estou na Mangueira. A Dança é minha principal fonte de renda. Dou Aulas o ano inteiro, mas ganho um pouco mais no Carnaval. Ainda assim, é muito trabalhoso. Os Dançarinos fazem aulas sem receber dinheiro. Artistas pretos precisam se provar em dobro – conta G’leu Cambria, Coreógrafa.

“A demanda começa em dezembro”

Nalu Castilhos produz as roupas do bloco Tambores de Olokun — Foto: Arquivo pessoal
Nalu Castilhos produz as roupas do Bloco Tambores de Olokun — Foto: Arquivo pessoal

– Trabalho com Costura há sete anos. Venho de uma família onde todas as mulheres sempre atuaram nessa área. Comecei a dar Aulas de Modelagem em uma ONG e a fazer roupas sob medida no meu Ateliê, o Nalu Costura, em Brás de Pina. Com o tempo, alguns clientes começaram a me pedir Fantasias personalizadas, que não encontravam em lojas. O boca a boca deu certo, e até algumas lojas começaram a encomendar peças comigo. A melhor época para mim financeiramente é o Carnaval. A demanda começa em dezembro e vai até o Desfile das Campeãs. Toco o Ateliê com minha mãe e mais duas pessoas. Desde o ano passado, venho produzindo toda a roupa do Bloco Tambor de Olokun e do Maestro do Não Monogamia Gostoso Demais. Claro que empreender não é fácil, mas eu diria que é necessário estar sempre atualizada sobre as tendências para trabalhar com Carnaval. Além disso, é essencial criar um portfólio e aprender a se divulgar – recomenda Nalu Castilhos, Costureira.

‘Garante uma reserva de emergência’

Felipe de Matos costuma ser chamado por músicos para vender bebidas em blocos de carnaval — Foto: Arquivo pessoal
Felipe de Matos costuma ser chamado por Músicos para vender bebidas em Blocos de Carnaval — Foto: Arquivo pessoal

– Comecei a trabalhar como Ambulante aos 16 anos porque não conseguia um emprego formal e precisava ajudar em casa. Vendia água, refrigerantes e cerveja, trabalhando o ano todo, mas com foco especial no Carnaval. Essa é a época mais esperada porque garante uma reserva de emergência para o restante do ano e um investimento na minha previdência privada. Meu faturamento mensal varia entre R$ 1.500 e R$ 2 mil, mas no Carnaval consigo alcançar cerca de R$ 10 mil, trabalhando cerca de 12 horas por dia. Tenho contato com Músicos de Blocos, que frequentemente me chamam para levar minha barraca aos eventos. Já sou licenciado em Educação Física e estou cursando o bacharelado. O bom desse trabalho é que consigo conciliar com meus estudos e ainda aproveitar o ambiente festivo. No fim do ano, concluo minha formação e pretendo deixar a vida de Ambulante para atuar como Professor – planeja Felipe de matos, Vendedor Ambulante.

Por Ana Clara Veloso e Marcos Furtado — Rio de Janeiro

Gostou do conteúdo? Compartilhe!
EXPEDIENTE

Samba Barroca Zona Sul 2025

Samba Mancha Verde 2025

Samba Inocentes de Belford Roxo 2025

SAMBA OFICIAL - ESCOLHIDO

Samba Botafogo Samba Clube 2025

Samba Estácio de Sá 2025