O drama das Escolas de Samba do Rio com Fantasias e alegorias incendiadas às vésperas do Carnaval já se repetiu em pelo menos outras sete oportunidades, além do incêndio desta quarta-feira (12), que destruiu a Maximus Confecções, em Ramos, na Zona Norte. A Fábrica de Fantasias é uma das mais requisitadas pelas Escolas de Samba das Divisões de Acesso.
Relembre na reportagem os incêndios e as consequências para o carnaval do Rio de Janeiro de 1988 e 2025.
União da Ilha e Beija-flor superaram incêndio
Em 1988, as Fantasias da União da Ilha do Governador foram queimadas em um incêndio no Barracão da Escola. No mesmo ano, parte do Barracão da Beija-flor também pegou fogo.
Na época, o Carnavalesco Joãozinho Trinta lamentou o incêndio, mas comentou que o acidente uniu e fortaleceu a Escola.
“Ver o fogo derrubando o Barracão, devorando o Barracão é realmente uma experiência incrível. Mas que a gente vai passar por cima. O fogo também renova”, comentou o carnavalesco.
Naquele Carnaval, a Beija-flor foi para a Avenida Marques de Sapucaí com o que sobrou das Fantasias e Alegorias. Na época, a garra da Escola emocionou o público.
A Beija-flor terminou o Carnaval de 1988 na terceira colocação, a dois pontos da campeã Vila Isabel. Já a União da Ilha, que também foi afetada pelo incêndio, ficou em sexto lugar.
Alegoria em chamas
No Carnaval de 1992, o público viu uma das cenas mais chocantes da história do Sambódromo. A Viradouro já encerrava seu Desfile aos gritos de “é Campeã”, quando seu último Carro Alegórico pegou fogo.
O incêndio marcou para sempre a história do Sambódromo, já que depois do triste episódio, todas as Escolas passaram a adotar procedimentos mais rigorosos de segurança contra o fogo durante os Desfiles.
Na ocasião, ninguém se machucou, mas a tristeza foi enorme. Por conta do incêndio na Alegoria, a Viradouro que vinha fazendo uma apresentação impecável, teve de parar o Desfile enquanto bombeiros tentavam contar o fogo.
Com isso, a Escola terminou seu Desfile com 13 minutos de acréscimos no tempo regulamentar, o que resultou na perda de 13 pontos na contagem geral. E o carnaval que tinha tudo para estar entre as primeiras colocadas não retornou nem ao Sábado das Campeãs – a Escola ficou em nono lugar.
Também em 1992, mas no mês de dezembro, já nos preparativos para o Carnaval de 1993, um incêndio causou grande prejuízo no Barracão do Salgueiro.
A Escola perdeu 1,5 mil fantasias, além de 600 metros de tecido em apenas 20 minutos de incêndio. Além do material que iria atender o Desfile principal da Vermelho e Branco da Tijuca, a Escola Mirim do Salgueiro também foi bastante prejudicada. Equipamentos como máquinas de costura também se perderam com o fogo.
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O Salgueiro perdeu 1,5 mil fantasias, além de 600 metros de tecido em apenas 20 minutos de incêndio — Foto: Reprodução TV Globo
Contudo, o acidente foi mais um impulso para que a Escola fizesse um dos seus Desfiles mais marcantes. Com o Enredo “Peguei um Ita no Norte”, o Salgueiro foi campeão do carnaval de 1993 e entrou para a história.
Império Serrano rebaixada pelo fogo
Duas Escolas passaram pelo mesmo problema em 1997. O Império Serrano viu seu sonho de retomar os dias de glória na Avenida ser destruído por um incêndio no Barracão da Escola meses antes do Desfile.
O Barracão da Tradição também enfrentou um incêndio naquele ano e queimou grande parte das Fantasias da Agremiação.
Naquele ano, o Império Serrano acabou rebaixado do Grupo Especial do Carnaval carioca, terminando na penúltima colocação da Disputa.
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Barracão do Império Serrano pegou fogo em 1997 — Foto: Reprodução TV Globo
Apesar do incêndio no Barracão, a Tradição terminou aquele ano comemorando. A Escola foi campeã do Grupo A e garantiu o Acesso ao Grupo Especial do próximo ano.
União da Ilha sofre novamente
Depois do incêndio de 1988, a União da Ilha voltou a sofrer com um grande incêndio em seu Barracão 11 anos depois.
Em 1999, faltando um mês para os Desfiles, o Barracão da Escola foi totalmente destruído. A União da Ilha perdeu todas as suas Alegorias. O incêndio durou pouco mais de uma hora. Ninguém ficou ferido.
Apesar do pouco tempo para recuperação, a União da Ilha, comandada pelo Carnavalesco Milton Cunha, conseguiu terminar o carnaval na 10ª posição, evitando o rebaixamento.
Tricampeã passa por incêndio
Dois anos depois do incêndio que prejudicou o Carnaval da União da Ilha, um novo acidente voltou a afetar o Carnaval do Rio. Dessa vez, em 2001, a atual Bicampeã Imperatriz Leopoldinense teve seu Barracão consumido pelas chamas.
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Em 2001, a Imperatriz sofreu com um incêndio em seu barracão — Foto: Reprodução TV Globo
Por Chico Regueira, RJ2