A travesti que marcou história, há 49 anos, como a primeira Rainha de Bateria do Carnaval carioca pode ser uma ausência no Desfile sobre a primeira travesti não indígena do Brasil. Convidada pela Paraíso do Tuiuti, que levará para a Avenida a história de Xica Manicongo, Eloína, de 79 anos, ainda não acertou sua participação como Destaque da Escola do Grupo Especial.
“Fui convidada, mas preciso de algum lugar para ficar. Sou uma senhora de idade, não tenho onde dormir no Rio. Não me importo de viajar de ônibus. Para poder desfilar, preciso de um canto de preferência em Copacabana, onde tenho uma rede de apoio. Ainda aguardo uma posição da Escola”, diz a ex-vedete da cidade de Paris, que vive atualmente em São Paulo, onde trabalha como recepcionista do Bar da Dona Onça.





Eloína aguarda uma nova oportunidade de fazer história no Carnaval carioca depois daquele Desfile da Beija-Flor de 1976. À convite de Joãosinho Trinta, após ser descoberta pelo Carnavalesco em um concurso, ela ocupou o que se tornaria o cobiçado posto à frente dos Ritmistas.
“Antes de oficializar o convite, Joãosinho quis me ver sem roupa. Assim que tirei, ele gritou: ‘é você que eu quero!’. Cheguei para Desfilar de roupão e, quando começou o esquenta, ele me botou na frente da Bateria e disse que aquele seria o meu lugar. ‘Só tira o roupão quando começar o desfile’, me pediu também. Eu nunca fui bonita. Eu era exuberante. Não sabiam que eu era travesti. Quando noticiaram no dia seguinte, foi um escândalo”, lembra Eloína.
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Ela ficaria ainda mais outros dois anos no Posto, mas acabou sendo substituída por Sonia Capeta, uma Passista clássica da Escola de Nilópolis: “Acabou se tornando um cargo muito disputado e cobiçado. Ficou difícil manter uma travesti naquele lugar”.
Alguns anos depois, a Ex-Rainha de Bateria ficaria marcada por outra ousadia, e ela passaria a ser conhecida como Eloína dos Leopardos. Na década de 80, viraria uma febre — até Liza Minnelli foi assistir —, o show que ela comandou no Rio com homens completamente nus. Foram 12 anos de sucesso. “Deus já me deu muito mais do que eu precisava”, diz.
Paraíso do Tuiuti garante Eloína em desfile
“O Paraíso do Tuiuti informa que a participação da Eloína dos Leopardos no desfile está confirmada e vem sendo coordenada por meio da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que vem auxiliando a agremiação desde o lançamento do enredo. A azul e amarelo confirma o convite para a primeira rainha de bateria do Carnaval carioca, que será destaque na última alegoria. A logística para essa participação também já foi confirmada por meio da ANTRA, e a Rainha estará presente no desfile!”
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Por Leonardo Ferreira/Extra – 100 Anos do Globo