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Presidente Fernando Horta revela que 100% dos direitos do samba de 2025 da Tijuca vão para os Compositores

A Unidos da Tijuca fez a leitura da sua Sinopse e explanação do Enredo “Logun-Edé – santo menino que velho respeita” para o Carnaval de 2025 para os Compositores e a Comunidade, reunidos na Quadra da Escola, com uma apresentação em honra a Logun-Edé, onde se reverenciou o orixá e o Pavilhão da Escola. A final de Samba-Enredo está marcada para 21 de setembro.

O Presidente Fernando Horta falou com a Comunidade. “A Tijuca fez a apresentação pela primeira vez com toda grandeza. Eu quero agradecer aqui ao meu carnavalesco, Edson Pereira, os meus enredistas, e é pela primeira vez que consegue juntar uma nata. Agradeço pelo trabalho, agradeço a vocês pela presença. Agora, a coisa que eu espero melhor é que a Tijuca venha com um grande samba, que a gente está precisando disso. E tenho uma novidade para vocês, Compositores. Esse ano a Tijuca vai abrir mão, ela vai dar 100%, no dia do desfile oficial, dos direitos autorais. Eu espero que os meus colegas concorrentes não briguem comigo, mas acho que a Tijuca vai ser a única, talvez, daqui para frente, apareçam outras. No momento existe 100% para quem ganhar o samba, de direitos autorais para o desfile oficial”.

Edson Pereira, Earnavalesco da escola, agradeceu a oportunidade de ser o Carnavalesco da Escola, tocando os trabalhos para o ano que vem, e agradeceu a presença de Maria Augusta e Milton Cunha no lançamento da Sinopse:

“Não é só de dar partida para mais um ano de carnaval para fazer o maior espetáculo da terra, que todo mundo sabe que não é fácil. É com muita luta, é com muita galhardia que a gente consegue fazer tudo isso. E, graças a Deus, temos que agradecer o presidente Fernando Horta, que me colocou a frente desse projeto e quero agradecer os meus parceiros e colaboradores que estão comigo batalhando para construir o melhor, não só para Tijuca, mas como contribuição para o mundo do samba em nome do carnaval. Agradecer em especial a presença da minha professora Maria Augusta. Queria pedir um aplauso também para o Milton, que se faz presente, uma pessoa muito importante também na construção desse que vos fala”.

Edson apresentou a equipe que formulou o texto da sinopse, os enredistas e consultores, e contou um pouco sobre como o trabalho foi se desenvolvendo até o momento:

“Quero apresentar para vocês as pessoas que ajudaram a construir esse texto que vocês tiveram acesso agora. Que é o Mateus Pranto, o Rodrigo Hilário, Osmar e o Rafael. É um time de milhões. É um time de milhões. O presidente está coçando o bolso aqui. Quero aproveitar e dizer para vocês que o trabalho não parou. Ele começou desde o primeiro dia que eu cheguei na escola. Nós estamos, já, preparando as fantasias, os protótipos. As ferragens já começaram os trabalhos, os ferreiros, os escultores. É um momento de virada e eu acredito que não só para todos nós ou para o carnaval, mas acredito que é um momento de grande emoção estar atendendo a comunidade fazendo um enredo que a comunidade a tanto tempo aguarda. O Milton está aqui, uma das pessoas que fez o carnaval negro, sobre a cultura afro e como eu tenho inspiração muito grande pelos trabalhos que ele fez aqui nessa casa, e hoje eu estou a frente e com muito orgulho posso dizer contornando e seguindo esses passos que assim foi dado. Não é novidade fazer um carnaval afro na Unidos da Tijuca, porém eu tenho muito orgulho de ter tido a contribuição de grandes mestres como Milton, como Maria Augusta e outros demais que aqui estão presentes”.

Edson, por fim, o carnavalesco falou sobre uma desmistificação da história de Logun-Edé, e um aprofundamento na mesma, através do enredo, abrindo depois a palavra aos enredistas:

“Que vocês entendam, assim como eu entendi, quando eu estive lá no Ilê Axé Kalé Bokun, na Bahia, com a mãe Vânia de Oyá, o primeiro terreiro de candomblé Axé Kalé Bokum, que a gente trata-se o tema com respeito e com dignidade, assim como Logun-Edé. E desmistificassem toda a história de Logun-Edé, que de forma contada, errada ou não, é que nós conhecemos. Nós precisamos cada vez entender melhor que Logun-Edé não é só esse Orixá que as pessoas falam que é um Orixá efêmero, que metade do ano é homem outra metade é mulher. Não, Logun-Edé ele tem a personalidade do pai, a doçura da mãe e a bravura dele mesmo. São três personalidades”.

Mateus tomou a palavra em seguida para falar deste retorno da escola a um enredo afro centrado, depois de mais de vinte anos, falando do orixá da juventude e desta mesma juventude, em especial a juventude preta e periférica, como os jovens do Borel:

“Preparamos esse carnaval para uma escola que caminha para o seu centenário. Daqui alguns anos a Tijuca vai chegar e ir ao seu centenário. E ser uma honra também, depois de quase 20 anos, um enredo afrocentrado. Inclusive foi um enredo de Milton Cunha em 2003, os Agudás. Então, 22 anos depois, a Tijuca se debruça novamente a uma narrativa afrocentrada. E falando em narrativa afrocentrada, nesse carnaval, percebemos que temos várias temáticas que se debruçam sobre a ideia, o olhar e a perspectiva da ideia de África. Só que o nosso enredo, como alguém perguntar para vocês, tijucanos, o que difere o nosso enredo dos outros, o nosso olhar dos outros, nós estamos falando da juventude, um orixá que representa a força da juventude, que nunca morre e representa a resolução dos conflitos entre os mais velhos e os mais novos. Isso é a Logun-Edé. Ele é a tradição e a modernidade. A modernidade da qual a Tijuca é pioneira no carnaval. E que a Tijuca faz no carnaval. Muitas vezes nós não vimos a Tijuca revolucionar o carnaval. Não é isso? O Logun-Edé representa esse espírito tijucano, esse receio, esse desejo tijucano. Representa a juventude preta, periférica. Representa o morro do Borel. Quando a gente olhar para o enredo da Unidos da Tijuca, que é a Logun-Edé, nós vamos lembrar da juventude”.

Ele continuou falando sobre o orixá e a mensagem que ele trás a escola e aos dias de hoje:

“É um santo menino que o mais velho respeita. A gente não está vendo ele como criança aqui no nosso enredo. O menino aqui é o mais jovem. Quantos de nós, por exemplo, eu tenho quase 30 anos, mas uma pessoa de 40, 50, olha para mim e fala, é o menino, é uma pessoa mais jovem. E derrubar, deve respeito a ele, porque vê nele o poder da ousadia, do afronte, da mudança que a sociedade tanto deseja, almeja, no século 21. Pensem na juventude, na ousadia e na modernidade que emana daqui da Unidos da Tijuca”.

Rodrigo Hilário, o outro enredista, continuou comentando sobre a bravura de Logun-Edé:

“Mateus resumiu o espírito do enredo. Acho que está sendo uma alegria trabalhar com ele, com Edson, trabalhar com o Osmar, trabalhar com o Raphael e tenho certeza que essa brilhante ala de compositores que a Tijuca tem vai conseguir resgatar essa alma afro-centrada, essa alma preta que permeia todas as escolas de samba para contar essa história na avenida desse orixá, que é um orixá, sobretudo um orixá guerreiro de bravura, de valentia e que une a sabedoria dos mais velhos com a audácia dos mais nobres”.

Osmar Igbodê, consultor do enredo, falou sobre a importância do feminino dentro da história de Logun-Edé, representado por sua mãe Oxum, que teve uma postura ativa na busca do amor do pai de Logun-Edé:

“O enredo foi muito pensado também na regência de Oxum, que representa as mulheres negras, a maternidade, a fertilidade de Oxum, o desejo dela de produzir com a sua fertilidade, com o seu ouro, com a sua beleza, com a sua magia, um filho com um belo caçador. Então, é um enredo também que trata do poder das mulheres de movimentar o mundo de acordo com os seus desejos. Começa com Oxum, tudo que ela precisou fazer para conquistar o bruto caçador, o caçador que só gostava das mulheres das matas, ela como uma mulher do rio, não podia se aproximar dele. Mas ela foi ao jogo, descobriu o segredo e conquistou o coração de Erinlé, na leitura de alguns, Oxóssi. Esse povo também feminino é muito importante, e é um feminino que está em equilíbrio com o masculino, que é o pai, e a formação da família nuclear africana. Oxum representa a matemática e a feminilidade, Oxum representa o reino masculino, e Logun-Edé como equilíbrio entre esses dois mundos. Outro ponto também importante é mostrar que esse jovem não existe isolado da sua comunidade. Ele depende tanto dos seus mais velhos, quanto da sua mãe, do seu pai, daqueles que fazem esse papel de mãe e pai, entre outros que vão exercer essa função de apoio para que essas novas gerações cheguem quebrando tudo, como diz a nossa sinopse”.

Raphael falou logo em seguida a Osmar, e destacou a intolerância religiosa vivida com a cantora Anitta após a mesma divulgar um trecho da sinopse da escola no Instagram:

“Complementando isso também, aproveitem todos esses ensinamentos que o Logun-Edé teve, de bravura, de esperteza, de vigereza, principalmente, estamos vivendo um tempo de muita intolerância, intolerância religiosa, vide o que aconteceu com a própria Anitta, que acabou divulgando o trecho da nossa sinopse, então aproveitem para expor o nosso axé para essa pública, como diz também a nossa sinopse”.

Fernando Costa, novo diretor de carnaval da agremiação, parabenizou ao presidente perante as novas contratações, e saudou Allan Guimarães, diretor de harmonia da agremiação:

“Parabenizar aqui duas pessoas, uma é o presidente Fernando Horta, por ter valorizado a prata da casa aqui, colocando esse ombro aqui, que arrumou toda a harmonia. Parabéns presidente, parabéns Allan. Assim, muito sucesso, acho que nem precisa falar muito que a gente tenha aqui três elementos Dentro dessa escola que facilitam muito, que é a nossa comunidade, os segmentos e a nossa equipe de harmonia. Vai estar todo mundo contigo”.

Em seguida, Fernando comentou e disponibilizou as datas para o tira-dúvidas, entrega, e disputa de sambas, com a final sendo em 21 de setembro:

“A entrega dos sambas vai ser dia 27/6, uma quinta-feira, aqui na quadra, das 19 às 22 horas. Não vai poder ter participação especial, seis pessoas por parceria. E a nossa disputa começa em agosto, todas as quintas-feiras de agosto, das 19h às 23h, meia-noite, a hora que terminar, e em setembro a gente passa para sábado, daquele horário de 22h às 4h da manhã, com nossa final no dia 21 de setembro”.

Allan Guimarães, novo diretor de harmonia da escola, encerrou as falas de forma breve:

“Agradeço a todos. Primeiramente, eu gostaria de agradecer ao meu presidente por me confiar essa responsabilidade e, sem me estender muito, agradecer a todos os presentes, agradecer a minha comunidade, a minha equipe de harmonia e dizer que a gente está junto e vamos embora. Vamos à luta, fazer história”.

Fotos: Rafael Arantes/Divulgação Tijuca

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