A energia de hoje é do Samba, esse ritmo que é Patrimônio Cultural e que pulsa nas veias do nosso povo. Acompanhando essa agitada energia está Oxóssi, o grande Senhor da Caça e Rei das Florestas. Neste Dia Nacional do Samba, vamos enaltecer a força de um Orixá que não só nos proporciona o sustento, mas também a alegria de viver — elementos essenciais para seguirmos firmes em nossa missão no ayé (mundo).
Oxóssi, Guardião da Prosperidade, não admite ver seu povo oprimido ou submisso. Ele luta por independência, fartura e pela liberdade de cada um trilhar o próprio caminho. Ao invocarmos sua energia, encontramos a confiança para romper amarras e viver plenamente, em Harmonia com a natureza e com o propósito que nos guia. Oxóssi nos conduz a uma liberdade verdadeira e autêntica, que transcende corpo, mente e espírito.
No Candomblé de Caboclo, muito praticado no Recôncavo Baiano, onde a força dos ancestrais brasileiros é louvada, Oxóssi também reina. Ele é o patrono dos Caboclos e, quando chega ao terreiro, sua dança — que, nesse lugar, em nada lembra o Candomblé de Orixá — remete aos passos de um sambista talentoso. Os Caboclos só chegam depois de Oxóssi e, quando baixam, dançam como se estivessem em uma autêntica roda de samba. Não por acaso, surgiu o termo samba de caboclo. O Caboclo Boiadeiro, por exemplo, é conhecido por sua dança vibrante e pelo samba que contagia, com cantigas que celebram suas conquistas, como a tradicional “Ô Isaura, toca viola!” Esse elo revela como o sagrado inspirou um estilo musical que conquistou milhões de corações.
Neste dia especial, além de homenagearmos o samba da Portela, que exaltou o “pé de dança” de Oxóssi, é impossível não lembrar de Tia Ciata de Oxum. Figura essencial para a história do samba, Tia Ciata abria as portas de sua casa, perto da Praça Onze, promovendo encontros entre músicos e cantores. Foi nesses encontros que nasceram as bases do samba carioca. Dizem que foi ali que Donga apresentou “Pelo Telefone”, o primeiro samba gravado em disco. Graças a essas reuniões, o samba ganhou aceitação popular e tornou-se o símbolo que conhecemos hoje.
A trajetória de Tia Ciata é um exemplo claro de como a história do samba está entrelaçada com a caminhada do Candomblé. Essa conexão cultural, onde música e religiosidade se unem com respeito, revela a força do samba como uma manifestação de resistência e uma afirmação da identidade de um povo que vive de muita fé e alegria.
Kíkí orílẹ̀ ọjọ́ sẹ̀lù orin! (Salve o Dia Nacional do Samba!)
Axé para todos!
Por Pai Paulo de Oxalá/Extra On Line